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Clarice Lispector

Estimados estudantes,

 

Abaixo, segue o link de nossa aula de 18/02 sobre Clarice Lispector. Revisitem a apresentação, revejam os vídeos. Aproveitem!

 

http://prezi.com/zlzv_l05cdmq/?utm_campaign=share&utm_medium=copy&rc=ex0share

 

Prof. Adriano Carvalho

Produções de autoria do nono ano

 

Abaixo, estão publicados dois textos dos nonos anos, produzidos na P1 do primeiro trimestre. Dois bons exemplos do gênero em questão.

 

TEXTO 1

 

A VISITA

 

Estava em um ônibus quando a chuva começou. Vinha pensando na saúde de meu pai enquanto olhava pela janela.

Desci do ônibus e entrei no hospital. Perguntei para a recepcionista sobre ele. Ao ouvi-la, fui para o quarto em que papai estava.

Andando pelo corredor, olhei em volta. Estava mal iluminado, com as paredes brancas e o chão frio. A chuva se intensificou.

Cheguei no quarto e abri a porta. O velho estava em uma cama. Isso me lembrou a infância, quando ia acordá-lo nas manhãs de domingo. A lembrança cessou com o forte perfume da enfermeira, saindo do quarto.

-O que você quer?

-Vim te ver, pai.

Reparei na sua fraqueza. Ele fazia o mesmo barulho que o de minha mãe ao respirar.

-Eles falaram que a doença piorou... - Disse.

-Mas foi só um pouco. - Disfarcei.

A doença que ele tinha era grave. Minha cabeça estava a mil. Não parava de pensar nele.

-Se essa for nossa última conversa. -Parou e pegou minha mão. -Quero que saiba que eu te amo.

-Não pai...

-Filha, se acalme!

Puxei minha mão levando a do velho. Virei para trás e vi a chuva lá fora. Estava densa e fria.

Olhei para trás de novo e vi que o suporte de vida não parava de apitar. Corri para meu pai. Vi que se debatia. Quando a enfermeira chegou, seus olhos já não tinham vida. Então a sala ficou quieta e fria, como a chuva lá fora o tempo todo.

 

João Peppe, 191, conto psicológico, março de 2016.

 

 

MEMÓRIAS DIABÉTICAS

 

Não foi neste último aniversário, mas ele me lembrou as festas de quando era criança, quando meus amigos me questionavam sem parar sobre as seringas e insulinas que levava comigo. 

Na realidade, eu nunca era incluída nas festas dos meus amigos. Nunca tinha um suco ou um refrigerante diet, e todos salgados tinham carne. Às vezes, as mães dos meus amigos perguntavam:

- Quer alguma coisa, querida? Um refri, um beijinho?

Ah... Os beiinhos! Eu tinha uma paixão pelos beijinhos. Mas era vital que eu não olhasse, qualquer profunda suspeita de que estava me deixando levar pelo desejo, era perigosa, então tentava me distrair com o que podia.

No meio de preocupações com meus destros e aplicações, não cabia eu me deixar levar, ou exagerar no açúcar. Mas eu sempre me pegava pensando em como seria se eu não tivesse essa doença.

Mas teve um aniversário diferente, em que me permiti olhar para os doces e imaginar o que aconteceria se me deixasse levar pelo desejo de parecer normal. Foi quando aconteceu. O garçom da festa me ofereceu refrigerante diet e esfirras de queijo. Talvez por pura falta de atenção na hora de comprar as bebidas, ou encomendar os salgados, alguém havia se lembrado de mim.

Sim, alguém havia me notado, mesmo que sem querer. 

E todas as noites que passei bebendo água valeram a pena, porque alguém havia se lembrado. Havia se lembrado de mim...

 

Laís Mathiello, 192, conto psicológico, março de 2016.

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